sábado, 27 de outubro de 2007

entrevista...

Eis, por fim, o seu retrato, conforme a pagina dos “Arquivos Secretos”, do grande irmão, publicada em “O livro da vida”, de Purgatório, em 31 de dezembro de 1984 “Nome: Davi Fernando Lopes Vieira Zeneratto. – Nasceu em Itapetininga São Paulo – Solteiro – Altura: 1,88. – Pesa: 79 quilos e calça número 43. – É quase vegetariano. – Não fuma, não bebe, não joga. – Não pratica nenhum esporte, mas gosta muito de caminhar e acha que seria capaz de dar a volta ao mundo a pé. – Não gosta de futebol mas é figurinha fácil as sexta no cinema, ele a japonesa e o lanterninha. – Não gosta de teatro. – Raramente responde recados ou retorna ligações ou liga pra alguém. - Adora musica, especialmente canções britânica, alternativas e jazz. – Poemas preferidos: todos os bons poetas. – Prefere os pintores flamengos, embora El grego não fosse. – Dorme tarde e acorda cedo, praticamente não dorme. – Leu Nietzsche antes dos 12, mas leu novamente quando mais velho. – Se pudesse começar a vida, gostaria de ser a mesma coisa, porem melhor. – Seu principal defeito: - uma certa ausência do mundo. – Seu tormento: ter feito da saudade uma constante na equação da sua vida. – Nunca viu uma assombração mas gostaria de ver. – Não tem medo de viajar em viagens longas. – Gostaria de visitar Chile – Pensa que poderia, pelo menos, ficar muito tempo no mediterrâneo. – Coleciona coleções. – Já colecionou de tudo um pouco, mas tua paixão e revista em quadrinhos e tem orgulho das que possui. – Coisas que a horrorizam: Lesma, tocar em objetos esféricos, grosseria. – Coisas que ama: objetos antigos, noites de inverno, amanhecer no outono, entardecer no verão, e todos os segundos da primavera, noite com ou sem estrelas, andar descalço, mato, livros, livros, mais mato, e um pouco mais de livros. – Acha que não tem medo da morte. – Gostaria de morrer em paz”. - Sua descrição por ele mesmo.

Pois falarei de mim, mas não me peça exatidão porque vou cometer erros, muita coisa eu esqueço ou se distorce, não guardo lugares, datas nem nomes, em compensação, nunca deixo escapar um boa historia. E vou contar a melhor delas; como eu cheguei até aqui? Hum! Nas longas horas de silêncio as recordações me atropelam, tudo aconteceu no mesmo instante, como se minha vida inteira fosse uma única imagem inteligível. O menino e o jovem que fui, o homem que sou, o velho que serei, todas as etapas são água do mesmo manancial impetuoso. Assim é minha vida, um afresco múltiplo e variável que só eu posso decifrar e que me pertence como um segredo. A mente seleciona, exagera, trai, os acontecimentos se esfumam, as pessoas esquecem, e no final fica apenas o trajeto da alma, esse raros momentos de revelação do espírito. Não interessa o que aconteceu e sim as cicatrizes que marcam e diferenciam. Meu passo tem pouco sentido, não vejo ordem, clareza, propósitos, nem caminhos. Somente uma viagem às cegas, guiada pelo instinto, atalhos criado a golpe de satisfação e por acontecimentos incontroláveis que desviaram o curso do meu destino. Não houve cálculo, apenas boas intenções (que isso fique bem claro) e a vaga suspeita de que existe um traçado que determina meus passos. Em fim, estou vivo e lúcido e com uma ansiedade desmedida para saber o que a vida me reserva na próxima esquina.....

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