terça-feira, 6 de novembro de 2007
cara ou coroa?
O “COROA”
Toda força pra vencer.
E o saber pra comandar.
Tudo isso um dia vai chegar.
Na jornada que começa,
mil perguntas vão surgir.
Vou achar minhas respostas.
Vou saber aonde ir.
Mesmo sem ninguém comigo.
Ninguém pra me guiar.
Mas com fé e paciência,
sei que um homem vou me tornar.
A busca do saber,
vai mostrar a direção.
Mas sempre ouvindo a voz do coração.
Há de todos os meus sonhos,
o que mais desejo.
Vai virar realidade,
eu conquistarei.
Só vou encontrar,
liberdade pra viver.
E um dia então será,
como um grande homem deve ser.
Vai saber, como um grande homem deve ser!
O “CARA”
Tudo que mereço
teve um preço que não cabe discutir
O que passou não vale a pena
Quero o que tem por vir
Foi sempre assim e sempre vai ser
Eu queremos sempre mais
Tudo não satisfaz
Tudo que preciso é impreciso
Não me cabe definir de antemão
Os meus desejos, eles surgem
Como bolhas de sabão da mão de uma criança
Como ondas, como nuvens
Como qualquer coisa viva
Não me venha com a dor
De quem não conseguiu
Quero insatisfação
sábado, 27 de outubro de 2007
entrevista...
Pois falarei de mim, mas não me peça exatidão porque vou cometer erros, muita coisa eu esqueço ou se distorce, não guardo lugares, datas nem nomes, em compensação, nunca deixo escapar um boa historia. E vou contar a melhor delas; como eu cheguei até aqui? Hum! Nas longas horas de silêncio as recordações me atropelam, tudo aconteceu no mesmo instante, como se minha vida inteira fosse uma única imagem inteligível. O menino e o jovem que fui, o homem que sou, o velho que serei, todas as etapas são água do mesmo manancial impetuoso. Assim é minha vida, um afresco múltiplo e variável que só eu posso decifrar e que me pertence como um segredo. A mente seleciona, exagera, trai, os acontecimentos se esfumam, as pessoas esquecem, e no final fica apenas o trajeto da alma, esse raros momentos de revelação do espírito. Não interessa o que aconteceu e sim as cicatrizes que marcam e diferenciam. Meu passo tem pouco sentido, não vejo ordem, clareza, propósitos, nem caminhos. Somente uma viagem às cegas, guiada pelo instinto, atalhos criado a golpe de satisfação e por acontecimentos incontroláveis que desviaram o curso do meu destino. Não houve cálculo, apenas boas intenções (que isso fique bem claro) e a vaga suspeita de que existe um traçado que determina meus passos. Em fim, estou vivo e lúcido e com uma ansiedade desmedida para saber o que a vida me reserva na próxima esquina.....
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
sonho
O seu corpo era o seu mundo de amor,
A sua risada era como a felicidade é.
Por todos os tempos eu escondi isso.
E num dia nós iremos relembrar,
Num dia claro nós vamos amar para sempre.
Um dia eu conheci um doce sonho jovem,
Onde a vida própria era tudo que tinhamos
E quem eramos nós para pedir mais?
Não vamos decidir, vamo ter certeza.
E num dia iremos relembrar,
Num dia claro nos estaremos todos juntos,
Juntos.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Espírito Livre
terça-feira, 18 de setembro de 2007
O Amor
O amor no mundo contemporâneo
Na sociedade contemporânea fala-se e escreve-se muito sobre sexo e quase nada sobre amor. Talvez seja pelo fato de que o amor, sendo um enigma, não se deixa decifrar, repelindo toda tentativa de classificação ou definição. Por isso, a poesia, campo mítico por excelência, encontra na metáfora a compreensão melhor do amor. Realmente, a literatura nunca deixou de falar do amor. Talvez esse vazio conceitual se deva à dificuldade de expressão do amor no mundo contemporâneo. O desenvolvimento dos centros urbanos criou o fenômeno da “multidão solitária”: as pessoas estão lado a lado, mas suas relações são de contigüidade, relações que dificilmente se aprofundam, sendo raro o encontro verdadeiro. Talvez o falar muito sobre sexo seja uma tentativa de camuflar a impessoalidade fundamental dessas relações, na medida em que o contato físico simula o encontro.
O encontro: a intersubjetividade
A força dessa energia (Eros, amor, desejo...) que nos impulsiona a agir, a procurar o prazer e a alegria, nos faz questionar o principio cartesiano de que o homem é um “ser pensante”. Não seria ele sobretudo um “ser desejante”? Não seria o desejo aquilo que mobiliza o homem, e a razão princípio organizador que hierarquiza os desejos e procura os meios para a realização? Nesse sentido, não estou querendo inverter o tema clássico da superioridade da razão sobre a paixão, mas mostrar que esses dois princípios estão indissoluvelmente ligados. O que visa o desejo? Numa célebre frase, Hegel diz: “Amar é entender o seu corpo em direção a um outro corpo; mas é também, mais fundamentalmente, exigir que esse corpo, que ele deseja também se estenda; é desejar o desejo do outro”. Isso significa que o desejo supõe em relação e que o que se deseja sobretudo e o reconhecimento do outro. O amante não deseja se apropriar de uma coisa; ele deseja capturar a consciência do outro.
Os paradoxos do amor
Vinculo x liberdade
O amor, sendo o desejo de união com o outro, estabelece, no entanto um tipo de vínculo paradoxal: o amante deve cativar para se amado livremente. Creio que o fascínio é gerador de poder: o poder de atração de um sobre o outro. No entanto, tal “cativeiro” não pode ser entendido como ausência de liberdade, pois a união deve ser a condição da expressão cada vez mais enriquecida da nossa sensibilidade e da nossa personalidade. É fácil observar isso na relação entre duas pessoas apaixonadas: a presença de outro é solicitada na sua espontaneidade, pois são dos dois que escolhem livremente estar juntos.
O amor imaturo, ao contrário, é exclusivista, progressivo, egoísta, dominador. Mas não fácil determinar quando o poder gerado pelo amor ultrapassa os limites. Em que momento isso se transforma em desejo de controlar, de manipular?
A sociedade capitalista, centrada no valor do “ter”, desenvolve formas possessivas de relação. O ciúme exacerbado é o desejo de domínio integral do outro. Marcel, personagem de Proust, inquieta-se, varado de ciúme até dos pensamentos de sua amada Albertine. Só descansa quando a contempla adormecida...
Não querendo dizer que o ciúme não deva existir. Etimologicamente, ciúme significa “zelo”: o amor implica cuidado e temor de perder o amado. Portanto, se não desejamos o rompimento da trama tecida na relação recíproca e se outro dá densidade à nossa emoção e enriquece nossa existência, sofremos até com a idéia da perda.
Vinculo x alteridade
Há outro paradoxo no amor: ele deve ser uma união, com a condição de cada um preservar a própria integridade. Faz com que dois seres estejam unidos e, contudo, permaneçam separados.
O amor e o convite para sair de sim mesmo. Se a pessoa estiver muito centrada nela mesma, não será capaz de ouvir o apelo do outro. É isso que ocorre com a criança, que naturalmente procura quem melhor preencha suas necessidades. Quanto esse procedimento continua na vida adulta, torna-se impedido do encontro verdadeiro. Basta lembrar a lenda de Narciso, que, ao contemplar seu rosto refletido na água, apaixona-se por si próprio. Isso causa sua morte, pois esquece de se alimentar, tão envolvido se acha com a própria imagem inatingível. O narcisista “morre” na medida em que torna impossível a ligação fecunda com o outro. O exercício do amor supõe a descoberta do outro. Por isso o amor envolve o respeito, não no sentindo moralista que rotineiramente se dá a esse conceito, não como temor resultante da autoridade imposta. Respicere, em latim, significa “olhar para”, ou seja, o respeito é a capacidade de ver uma pessoa como tal, reconhecendo sua individualidade singular. Isso supõe a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como ela é, e não como queiramos que ela seja. O amor supõe a liberdade, e não a exploração: o outro não é alguém de quem nos servimos. O amor maduro é livre e generoso, fundando-se na reciprocidade. Uma lenda grega conta que assaltante chamado Procusto aprisionava os viajantes e os adaptava a uma cama de ferro: se eram pequenos, os alongava: se eram grandes, os mutilava terrivelmente para que diminuíssem de tamanho. Quantos tiranos Procustos encontramos nos mais “ternos” namorados, ansiosos por adaptar o parceiro à sua própria medida!
O paradoxo da relação amorosa, colocada ao mesmo tempo como desejo de união e preservação da alteridade, dimensiona a ambigüidade em que o homem e lançado. Os sentimentos gerados também são ambíguos: são sentimentos de amor e ódio para com aquele que escolhemos conscientemente, mas de cuja escolha resultou o abandono de outras possibilidades... O não saber viver nessa ambigüidade leva certas pessoas a procurar a “fusão” com o outro, do que decorre a perda da individualidade, ou a recusar o envolvimento por temer a perda.
Separação
Quando ocorre a perda, a pessoa precisa de um tempo para se reestruturar, pois, mesmo quando mantém sua individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo outro. Há um período de “luto” a ser superado após a separação, quando, então, se busca novo equilíbrio.
Uma característica dos indivíduos maduros é saber integrar a possibilidade da morte no cotidiano da sua vida. E, quando falamos em morte, nos referimos não só ao sentido literal, mas às diversas “mortes” ou perdas que permeiam nossas vidas. No entanto, na sociedade massificadas, onde o eu não é suficiente forte, as pessoas preferem não viver, para não ter de viver com a morte. Por isso, também as relações tendem a se tornar superficiais, e nesse sentido que o pensador francês Edgar Morin afirma: “Nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude e este: vida quer dizer arriscar-se à morte; a fúria de viver quer dizer viver a dificuldade”.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Um ponto de vista
Em um remoto rincão do universo cintilante que se derrama em um sem números de sistemas solares, havia um vez um astro, em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da “história universal”: mas foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e o animais inteligentes tiveram de morrer. Assim poderia alguém inventar a fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente qual lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza.